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"Encontro + A garota" (2 filmes, 102')
Judit Elek/Márta Mészáros | Hungria | 1963-1968, 102', 35 mm para DCP Em seu primeiro filme solo, Judit Elek propôs a seu amigo e colaborador, o escritor solitário Iván Mándy, publicar um anúncio de jornal com uma proposta de um encontro amoroso. Encontro inicia em um amplo quarto de hospital em Budapeste, onde acompanhamos uma enfermeira sem nome cuidando de cada um dos enfermos, homens jovens e velhos. Vemos ela em sua casa, arrumando-se para sair e, então, em uma praça onde crianças brincam e velhos jogam xadrez. Em um banco da praça, a enfermeira, que respondeu ao anúncio de jornal, encontra seu pretendente (Mándy), e os dois seguem juntos caminhando e conversando. A câmera se movimenta de tal forma que podemos observar todo o entorno do casal de meia-idade, cujas falas são registradas com som direto, de forma revolucionária para o cinema húngaro da época. Ele a convida para assistir a um filme de faroeste, porém tenta em vão comprar ingressos de outros espectadores para a sessão lotada. Já no final da tarde, eles se sentam em uma mesa de bar e conversam sobre suas vidas, antigos amores e desejos futuros. Ele a acompanha até as proximidades do hospital, e ela segue para o turno noturno. Márta Mészáros fez seu longa-metragem de estreia após uma década de trabalho em curtos documentários. Em A garota (cujo título original se traduz como "O dia se foi"), a cineasta aborda um assunto recorrente ao longo de sua carreira, ao retratar a vida de uma jovem melancólica e solitária. Erzsébet "Erzsi" Szonyi (interpretada por Kati Kovács), uma mulher de 24 anos que cresceu em um orfanato e trabalha em uma fábrica de tecidos em Budapeste, decide procurar sua mãe biológica, a quem nunca conheceu. Através de um anúncio no jornal, ela chega na aldeia conservadora onde a mulher (Teri Horváth) mora com sua família. A partir daí, surgem tensões entre Erszi e a matriarca encapuzada, que se arrepende de ter se comunicado com a filha, assim como o patriarca, que enxerga "a sobrinha de Budapeste" com suspeita e desejo. Ela sai da aldeia à procura de outras relações e histórias familiares e de um caminho para construir sua vida adulta. A garota foi o primeiro longa-metragem dirigido por uma mulher na Hungria desde a década de 1940. O filme, feito em um estilo imediato e dinâmico, com muito trabalho de locação, foi um sucesso de bilheteria, devido, em parte, à presença no papel principal da estrela pop Kati Kovács (com quem Mészáros também realizou o filme Laços, no ano seguinte), em uma das suas primeiras atuações no cinema. Apesar da postura rígida e robótica, Kovács possui um olhar penetrante. Em uma entrevista realizada no final de 1968 para a revista húngara Filmvilag, Mészáros comentou sobre a protagonista do filme: "Fiquei impressionada com a qualidade intelectual particular dessa jovem, a sua dureza e o seu comportamento íntimo quase masculino... Na verdade, fiquei estimulada pelo fato dela ser uma personalidade que nunca depende de ninguém, no sentido em que ela é independente, adulta e - acima de tudo - honesta consigo mesma".[1] A garota foi restaurado em 2K pelo Arquivo Nacional de Cinema da Hungria a partir do negativo original de imagem em 35 mm e da gravação magnética do som original. Encontro foi restaurado em 4K a partir de uma cópia em 35 mm localizada na mesma instituição e dentro do projeto chamado pelo Arquivo de Programa de Restauração a Longo Prazo do Patrimônio Cinematográfico Húngaro, que também inclui diversos outros filmes das duas diretoras.
O programa conta com os filmes:
Encontro (Találkozás) Judit Elek | Hungria | 1963, 22', 35 mm para DCP Fonte da cópia: Arquivo Nacional de Cinema da Hungria (Magyar Nemzeti Filmarchívum) + A garota (Eltávozott nap) Márta Mészáros | Hungria | 1968, 80', 35 mm para DCP Fonte da cópia: Arquivo Nacional de Cinema da Hungria (Magyar Nemzeti Filmarchívum) |
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