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Diálogo árabe israelense
(Arab Israeli Dialogue)
Lionel Rogosin | EUA. | 1974, 41', 16 mm para DCP restaurado
Fonte da cópia: Kino Lorber/Milestone Films
 

"Eu penso que vocês, palestinos, e nós, israelenses, temos apenas duas alternativas: a partilha ou guerra eterna. Eu não acredito que haja qualquer esperança em deixar que os judeus abandonem o único Estado onde eles têm uma nação independente e vida."
 
"Não é problema meu. Eu não criei isso... E não estou pronto para pagar por isso."
 
Assim começa uma febril conversa entre o jornalista, teatrólogo e escultor israelense Amos Kenan (1927-2009) e o poeta e ativista político palestino Rashed Hussein (1936-1977), no documentário de média-metragem Diálogo árabe israelense. Ao longo dos 40 minutos seguintes, os amigos de longa data e representantes autodesignados de seus povos buscam maneiras de apaziguar uma condição de coabitação desigual que foi imposta sobre os dois com a fundação do Estado de Israel um quarto de século atrás. No processo, Kenan se revela como um sionista com admiração profunda pelos palestinos, e Hussein, como um defensor de uma solução comum que valoriza os esforços históricos de países árabes a dar abrigo aos judeus perseguidos. Eles são filmados em preto e branco, e, conforme discutem em inglês e em hebraico sobre como atingir dignidade junto à justa moradia e direitos legais naquele momento, são intercaladas imagens coloridas da vida diária de pessoas em uma terra de beleza extraordinária.
 
A troca entre Kenan e Hussein foi filmada pelo cinegrafista Louis Brigante ao longo de dois dias no porão do Bleecker Street Cinema, em Nova York, uma importante sala de cinema de arte que foi operada pelo também cineasta norte-americano Lionel Rogosin. O diretor judeu (que anteriormente morou em Israel em dois momentos distintos) realizou Diálogo árabe israelense, seu décimo e último filme, quase duas décadas após seu longa-metragem de estreia, o neorrealista filme híbrido No Bowery (On the Bowery, 1956). Com Diálogo, Rogosin continuou sua prática de fazer um cinema politicamente engajado baseado nos princípios de empatia, humanismo e pacifismo. O próprio título do filme ecoa a história recente de guerras árabe-israelenses e responde com uma esperança de paz.
 
Diálogo árabe israelense foi rejeitado pela televisão pública norte-americana, e então passou principalmente no circuito universitário nas décadas seguintes. Hoje, o filme é reconhecido como um dos primeiros esforços cinematográficos a representar os dois lados de uma situação dolorosa e ainda sem resolução. Ele foi restaurado em 2019 pela Cinemateca de Bolonha a partir do filme reverso original em 16 mm e da trilha sonora magnética, preservados e disponibilizados pela Anthology Film Archives, em Nova York. O trabalho foi realizado no âmbito de um projeto de recuperação e divulgação da obra cinematográfica de Lionel Rogosin, desenvolvido pela Cinemateca e pela entidade sem fins lucrativos Rogosin Heritage, que visam restaurar todos seus filmes até o final de 2024 em homenagem ao centenário do cineasta.
 
As sessões no IMS de Diálogo árabe israelense marcam a estreia brasileira do filme. Suas exibições são gratuitas.
 

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