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“Trilogia Ruiz-Sarmiento”
CineSesc, dias 9 e 10 de setembro de 2024

 
A mostra apresenta uma trilogia de filmes co-dirigidos pela parceria fantasmagórica entre Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento, um casal de cineastas que permaneceram juntos por mais de 40 anos. Ruiz foi o mais celebrado cineasta chileno, e também, talvez o mais prolifico, tendo realizado em torno de 120 filmes em diversos países até sua morte precoce em 2011. Sarmiento foi a montadora em mais de dois terços das obras de Ruiz, além de ser uma pioneira do cinema realizado por mulheres no Chile. Desde 2016, ela trabalhou na recuperação de três filmes não finalizados do cineasta que coletivamente contam a história recente do Chile, antes e após a ditadura militar (1973-1990), cuja data de comemoração anual é o dia 11 de setembro. Além dos filmes da Trilogia Ruiz-Sarmiento, a mostra no CineSesc conta com apresentações de convidados e a exibição de um recém-restaurado curta-metragem de Sarmiento, Um sonho em cores (1973), filmado no mesmo ano do golpe militar chileno.
 

Dia 9 de setembro, às 20h30
 
O realismo socialista
(El realismo socialista)
Dir.: Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento | Chile | 1973/2023 | 73 min | Ficção | 14 anos | Legendado
 
Sinopse

 
Raúl Ruiz iniciou O realismo socialista em 1973 e apenas em 2023 ele estreou no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, em uma versão restaurada. O filme preto e branco (finalizado por Valeria Sarmiento) foi rodado às vésperas do golpe militar chileno que tirou do poder o governo socialista do presidente Salvador Allende, cujo lugar na sociedade chilena é questionado na tela através de uma mistura de documentário e ficção. Cenas pulsantes dos habitantes de uma comunidade de trabalhadores que se deslocam para as fábricas são intercaladas por discussões conflitantes entre intelectuais da burguesia chilena sobre a melhor forma de liderar o povo. Os encontros ganham uma dimensão satírica conforme a distância entre os grupos se torna cada vez mais evidente e adquirem um tom trágico a partir das sugestões do que está por vir. O filme atemporal de Ruiz e Sarmiento terá sua estreia brasileira no CineSesc.
 
A sessão será seguida por um debate com o pesquisador e professor chileno-hispano Ignacio Del Valle Dávila e a preservadora audiovisual brasileira Débora Butruce.
 
Fonte da cópia: Poetastros
Formato de projeção: DCP
O filme tem diálogos em espanhol
 
Elenco

Jaime Vadell, Juan Carlos Moraga, Javier Maldonado, Nemesio Antúnez, Waldo Rojas, Marcial Edwards
 
Ficha técnica
Direção e roteiro: Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento
Cinematografia: Jorge Müller
Montagem: Galut Alarcón
Música: Jorge Arriagada
Som: José De La Vega
Produção: Chamila Rodríguez (Poetastros)
 

Dia 10 de setembro, às 18h30
 
A telenovela errante
(La telenovela errante)
Dir.: Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento | Chile | 1990/2017 | 78 min | Ficção | 14 anos | Legendado

 
Sinopse
 
A telenovela errante foi o primeiro longa-metragem que o cineasta exilado Raúl Ruiz rodou em seu país nativo após a redemocratização do Chile em 1990. O filme usa atores famosos da televisão local em esquetes surrealistas e popularescas que partem do princípio, segundo o diretor, de que a realidade chilena é uma combinação de telenovelas. Ruiz, que disse se sentir um estranho em seu próprio país, deixou o projeto inacabado por falta de financiamento. Valeria Sarmiento, sua viúva e editora de longa data, retomou o material em Super 16 décadas depois e o estruturou em capítulos contendo supostamente o que teria sido rodado em cada dia. O filme projeta duas realidades paralelas, uma melancólica e outra satírica, e abre e termina com cenas do set de filmagem tendo Ruiz como protagonista. Ele foi concluído em 2017, quando estreou na competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Locarno.
 
A sessão será apresentada por Filipe Furtado, crítico de cinema e especialista na obra de Raúl Ruiz.
 
Fonte da cópia: Poetastros
Formato de projeção: DCP
 
O filme tem diálogos em espanhol.
 
Elenco

Luis Alarcón, Patricia Rivadeneira, Mauricio Pesutic, Francisco Reyes, Roberto Poblete, Consuelo Castillo
 
Ficha técnica
Direção e roteiro: Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento
Cinematografia: Leo Kocking, Héctor Ríos e Rodrigo Avilés
Montagem: Galut Alarcón
Música: Jorge Arriagada
Som: Felipe Zabala
Produção: Chamila Rodríguez (Poetastros)
 

Dia 10 de setembro, às 20h30 (dois filmes, 76min)
 
Um sonho em cores
(Un sueño como de colores)
 
Dir.: Valeria Sarmiento | Chile | 1973 | 10 min | Ficção | 12 anos | Legendado

 
Sinopse
 
O primeiro filme realizado por Valeria Sarmiento se perdeu antes de ser editado e foi recuperado pela cineasta apenas em 2021. Ele retrata a dura realidade da vida de um grupo de dançarinas de strip-tease que contam sobre seus sonhos, a pobreza, o preconceito, o desejo de prosperar e o orgulho de seu próprio trabalho. Cinquenta anos depois, Sarmiento comentou: “Me interessou a aparente contradição dessas mulheres que buscam sua liberdade mostrando seus corpos, e que trataram de sobreviver em um mundo muito mais machista que o de hoje.” As cenas comoventes em cores e em preto e branco foram filmadas pelo emblemático cinegrafista Jorge Müller, que foi tido como desaparecido durante a ditadura militar chilena.
 
Fonte da cópia: Cineteca Universidad de Chile
 
Formato de projeção: DCP
 
O filme tem diálogos em espanhol.

 
Ficha técnica
Direção e roteiro: Valeria Sarmiento
Cinematografia: Jorge Müller
Montagem: Carlos Piaggio
 
+
 
O TANGO DO VIÚVO e seu espelho deformador
(EL TANGO DEL VIUDO y su espejo deformante)
Dir.: Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento | Chile | 1968/2020 | 64 min | Ficção | 14 anos | Legendado
 
Sinopse

 
A assombrada história de O TANGO DO VIÚVO sobre um homem cuja esposa cometeu suicídio e aparece para ele como um fantasma, foi filmada em preto e branco com diversas cenas de rua de uma melancólica Santiago de 1967 e se perdeu após o cineasta Raúl Ruiz ter abandonado o projeto por não conseguir financiar sua sonorização. Quase cinquenta anos depois, Valeria Sarmiento, a editora e viúva de Ruiz, descobriu os rolos de 35 mm do filme em um antigo cinema do Chile. Ela assumiu o projeto de reconstruí-lo e gravou os diálogos com novos atores a partir da leitura labial e corporal dos atores originais. No resultado final, o destino do viúvo está na necessidade de expurgar a presença palpável de seu próprio fantasma. A narrativa circular do filme, na qual a ação da primeira parte se repete de trás para frente, adquire um novo sentido ao refletir a realidade da própria existência da obra. O TANGO DO VIUVO e seu espelho deformador estreou no Festival Internacional de Cinema de Berlim em 2020.
 
Fonte da cópia: Poetastros
 
Formato de projeção: DCP
 
O filme tem diálogos em espanhol.
 
Elenco

Rubén Sotoconil, Sergio Hernández, Claudia Paz, Chamila Rodríguez, Luis Alarcón, Néstor Cantillana, Shenda Román, Gabriela Aranciba
 
Ficha técnica
Direção: Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento
Roteiro: Raúl Ruiz, Valeria Sarmiento e Omar Saavedra Santis
Cinematografia: Diego Bonacina
Desenho de produção: Chamila Rodríguez
Montagem e som: Galut Alarcón
Música: Jorge Arriagada
Som: Felipe Zabala
Produção: Chamila Rodríguez e Galut Alarcón (Poetastros)
 
A cópia de “Um sonho em cores” é cedida gentilmente pela Cineteca Universidad de Chile.
 

Minibios dos convidados
 
Débora Butruce é preservadora audiovisual, produtora cultural e curadora. Doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA-USP, possui experiência de 23 anos na área de preservação audiovisual e trabalhou em instituições como o Centro Técnico Audiovisual (CTAv), Arquivo Nacional, Cinemateca do MAM-Rio e em projetos com a Cinemateca Brasileira. Atualmente trabalha de forma independente através de sua empresa, a Mnemosine, fundada em 2009. Um de seus trabalhos como coordenadora técnica, o filme A Rainha Diaba (Antonio Carlos da Fontoura, 1974), foi exibido na 73º Berlinale e eleito uma das dez melhores digitalizações de 2023 pela revista norte-americana Film Comment. Seus trabalhos recentes incluem obras de cineastas como Geraldo Sarno, Jorge Bodanzky e Suzana Amaral e seu clássico A Hora da Estrela (1985), relançado em circuito comercial em versão restaurada digitalmente através da Sessão Vitrine Petrobras em maio de 2024. Membra fundadora da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA), faz parte da atual diretoria para o biênio 2024-2026.
 
Filipe Furtado é crítico e ex-editor das revistas Paisà e Cinética e um dos organizadores da Revista Abismu. Colaborou para publicações como Contracampo, Cine Imperfeito, Cinequanon, Filme Cultura, Folha de S.Paulo, Zingu!, Cinelimite, The Film Journal, La Furia Umana, Lumiere e Rouge. Mantém o blog Anotações de um Cinéfilo. Escreveu sobre o cinema de Raúl Ruiz para diversos veículos nacionais e internacionais.
 
Ignacio Del Valle Dávila é Professor do Departamento de Multimeios, Mídia e Comunicação e do Programa de Pós-graduação em Multimeios do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com experiência nas áreas de Teoria e História do Cinema e do Audiovisual. Doutor em Cinema e Mestre em Artes do Espetáculo e Mídias, ambos pela Université Toulouse 2 Le Mirail. Graduado em Comunicação Social pela Universidad Católica de Chile. Entre 2016 e 2022 foi professor adjunto do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA). Foi membro do Conselho de Administração do Festival Cinélatino, Rencontres de Toulouse (ARCALT), onde atuou como um dos programadores (2009-2013), ao mesmo tempo em que foi programador do festival Cinespaña de Toulouse (2010-2011). Desde 2009 é membro do Comitê Editorial da revista Cinémas d'Amérique Latine. É autor dos livros Cámaras en trance: el nuevo cine latinoamericano, un proyecto cinematográfico subcontinental (Chile, 2014) e Le Nouveau Cinéma Latino-américain (1960-1974) (França, 2015) e co-autor (com Eva-Rosa Ferrand Verdejo e Magali Kabous) do livro Guzmán, El botón de nácar (França, 2020).
 

Agradecimentos da mostra: Andrez Costa, Antônio Gonçalves Junior/Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, Carolina Amaral de Aguiar, Craig Breaden/Duke University, Jaime Grijalba, Jurij Meden/Osterreisches Filmmuseum, Martine Bouw/Cinémathèque Royale de Belgique, Natalia Christofoletti Barrenha, Nina Tedesco, Sara Duarte + João Pedro Bénard/Cinemateca Portuguesa
 
A mostra é dedicada à memória do cineasta alemão-chileno Pedro Chaskel (1932-2024).
 

Debate com o pesquisador e professor chileno-hispano Ignacio Del Valle Dávila e a preservadora audiovisual brasileira Débora Butruce durante a mostra "Trilogia Ruiz-Sarmiento", realizada nos dias 9 e 10 de setembro de 2024 no CineSesc, São Paulo.
 

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