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“No reino dos sapos”
Moustapha Alassane/Lotte Reiniger | Níger/Alemanha | 1921-2001, 78’, 16 mm + 35 mm para DCP

 
O jovem cineasta nigerino Moustapha Alassane realizou seu primeiro filme de animação em 1965, durante um estágio no Canadá. Desde cedo, o primeiro animador do continente africano gostava de desenhar histórias com sapos no lugar de pessoas, pois os personagens de grandes barrigas e membros magros o atraíam por sua aparência inocente. Alassane retornou para seu país natal e, durante uma viagem subsequente para a França, fez o singelo curta-metragem Boa viagem, Sim (1966), desenhado com traços simples em preto e branco. No filme, Senhor Sim, o presidente de uma república povoada por sapos, vai ao seu país vizinho em uma viagem diplomática, através da qual Alassane mostra de forma satírica os discursos e as ações vazias da política.
 
Alassane trabalhou com diversos formatos de animação ao longo de sua carreira, sempre com interesse em expandir o conhecimento de histórias populares. É o caso de Samba, o grande (1977), o primeiro filme de animação inteiramente colorido da África, que mistura as técnicas de desenho com stop-motion. Bonecos de madeira e lã encenam a história narrada por Jean Rouch sobre o guerreiro do título, que procura conquistar o coração de Analiatou Bari, uma rainha infeliz de um povo sofrido que reconhece a bravura de Sambagana de forma tardia. No desfecho poético do filme, os dois se transformam em uma lenda.
 
Décadas depois, Alassane concluiu Kokoa (2001), uma animação feita inteiramente em stop-motion que se baseia na tradicional luta do Níger chamada kokawa. Mas, ao invés de lutadores humanos, voltamos para o reino animal, no qual uma plateia de sapos assiste aos embates fervorosos entre uma rã, um camaleão e um lagarto dentro do ringue. O campeonato é narrado por um sapo que se senta ao lado de uma tartaruga, e arbitrado por um siri cujos olhos movimentam-se freneticamente para acompanhar a ação.
 
A maioria dos filmes de Alassane são de live-action, realizados com atores não profissionais, que misturam documentário e ficção e contam, como em suas animações, com elementos de fábula e comédia. É o caso de um de seus filmes mais conhecidos, O retorno de um aventureiro (1966). Um tom de paródia aos filmes de faroeste fundamenta a história de um jovem que retorna ao Níger após ter passado anos nos Estados Unidos e traz com ele presentes que aguçam a personalidade arruaceira de seus amigos e criam uma confusão na aldeia. O filme coloca os chapéus e botas de cowboy e tiroteios dos filmes de uma cultura estrangeira em contraponto com vestimentas e tradições locais para refletir sobre quais imagens de heroísmo devem ser valorizadas.
 
O programa também inclui o curta-metragem de animação O baú voador (1921), inspirado no conto do autor dinamarquês Hans Christian Andersen, que foi a primeira adaptação cinematográfica de um conto de fadas dirigida pela cineasta alemã Lotte Reiniger. O filme utiliza figuras de silhueta para mostrar a busca trágica de um jovem pescador chinês pelo amor de uma princesa emprisionada por seu pai imperador. Na época, o jornal alemão Vossische exaltou o filme, dizendo que “tão fantasiosas são as figuras e os eventos que somos levados a uma realidade mais pura: rimos e nos emocionamos”.
 
A obra de Alassane é apresentada com o gentil apoio do Institut Français e da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil. O programa conta com os seguintes cinco filmes:
 
Boa viagem, Sim
(Bon voyage, Sim)

Moustapha Alassane | Níger | 1966, 5’, 16 mm para digital
Fonte: Institut Français / Razak Moustapha
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O baú voador
(Der fliegende Koffer)

Lotte Reiniger | Alemanha | 1921, 11’, 35 mm para DCP (cópia restaurada)
Fonte: DFF – Deutsches Filminstitut & Filmmuseum / Primrose Productions
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Samba, o grande
(Samba le grand)

Moustapha Alassane | Níger | 1977, 14’, 16 mm para DCP (cópia restaurada)
Fonte: Institut Français / Razak Moustapha
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Kokoa
(Kokoa)

Moustapha Alassane | Níger | 2001, 14’, 35 mm para digital
Fonte: Institut Français
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O retorno de um aventureiro
(Le Retour d’um aventurier)

Moustapha Alassane | Níger | 1966, 34’, 16 mm para DCP (cópia restaurada)
Fonte: Institut Français
MUTUAL FILMS