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Tesouros do Irã: Filmes do Estúdio Cinematográfico Golestan
A Sessão Mutual Films de março de 2023 agradece de forma especial Ehsan Khoshbakht, cujos textos sobre os filmes e cineastas citados podem ser conferidos em inglês no blog Notes on cinematograph. Em 1953, um golpe de estado patrocinado pelos EUA, com apoio da Inglaterra, destituiu o então primeiro-ministro do Irã, Mohammed Mossadegh, que havia acabado de nacionalizar uma das maiores petrolíferas do país, pertencente a uma empresa inglesa. Com a condenação e prisão do primeiro-ministro, o xá Mohammad Reza Pahlavi expandiu seu poder e instaurou um governo monárquico, iniciando novamente o processo de privatização dos poços de petróleo. Apesar de autoritário, o governo do xá promoveu uma grande modernização no Irã com rápida urbanização, distribuição de renda, reforma agrária, avanço na infraestrutura e na alfabetização, realizando o que ficou conhecido como Revolução Branca. Foi também durante o reinado do xá, antes da Revolução Islâmica que derrubou a monarquia em 1979, que o escritor, tradutor, fotógrafo e cineasta iraniano Ebrahim Golestan produziu a totalidade de sua obra cinematográfica, um projeto que buscou encarar a realidade iraniana moderna em toda sua complexidade. Mesmo com o apoio da família real, Golestan não poupou críticas a mesma, e sofreu censuras frequentes como consequência. [1] O cineasta migrou definitivamente para a Inglaterra em 1975, onde comemorou seu centenário no ano passado, uma ocasião celebrada com retrospectivas e homenagens em diversos países. Golestan nasceu em outubro de 1922 na cidade de Shiraz, em uma influente família aristocrática. Seu avô havia sido um importante aiatolá, e seu pai, diretor de um jornal liberal chamado Golestan (que significa "jardim de flores" em persa) e membro da assembleia constitucional que elegeu o xá. Aos 22 anos, Ebrahim se tornou membro do Partido Tudeh (o Partido Comunista do Irã), onde editava seu jornal, e em 1945, traduziu para o persa trechos do livro História do Partido Comunista da União Soviética (Bolcheviques) (1938), de Josef Stalin. Porém, se desligou do partido em 1947 devido a diferenças intelectuais. Desde jovem, Golestan foi estimulado a ter uma consciência crítica e a seguir uma vida intelectual e literária. Publicou seu primeiro livro de contos já na década de 1940 e traduziu para o persa obras de importantes escritores dos séculos XIX e XX, como Chekhov, Dostoiévski, Faulkner, Hemingway e Mark Twain. Seu trabalho na literatura - seja com tradução, seja com prosa original - se baseou em um princípio de conflito dialético, no qual forças divergentes conversam para comparar visões divergentes do mundo. Autodidata, também trabalhou como fotógrafo e, após ganhar uma competição de fotografia em 1945, comprou uma câmera 8 mm. Logo adotou o formato 16 mm e foi comissionado para registrar imagens do Irã para corporações midiáticas estrangeiras, como a BBC, na Inglaterra, e a NBC, nos Estados Unidos (entre elas, imagens do julgamento de Mossadegh, uma figura que Golestan via com simpatia). Passou a trabalhar para o consórcio petrolífero Western Oil Companies, produzindo filmes educativos e imagens noticiarias. Golestan eventualmente negociou a compra dos equipamentos que havia adquirido pela empresa e montou um estúdio independente de cinema, a primeira entidade dessa natureza em um país cuja indústria cinematográfica era então dominada por filmes populares e de gênero (hoje conhecidos como filmfarsi). Os direitos do primeiro filme de Golestan como diretor, De uma gota ao mar (Az ghatreh ta darya, 1957) - um documentário didático de meia hora de duração sobre a construção de instalações petroleiras no Irã - ficaram com os produtores industriais que o comissionaram. [2] Os direitos de todos seus outros filmes ficaram com ele mesmo. A equipe do Estúdio Cinematográfico Golestan era composta principalmente por jovens não profissionais, para os quais o cineasta ofereceu treinamento. Mas também contou com a participação de artistas já conhecidos, como a poeta Forough Farrokhzad (1934-1967), que possuía uma fama considerável por poemas que descreviam a vida interior e espiritual feminina em versos livres com uma franqueza emocional incomum na sociedade iraniana da época. Farrokhzad começou no estúdio em 1958 como recepcionista, mas logo passou a editar o filme de Golestan Um fogo (Yek atash, 1961), que acompanha de forma sóbria e retrospectiva o processo de extinção de um incêndio em um poço no sudoeste do Irã. Ela também escreveu, dirigiu e editou o curta-metragem documental A casa é escura (Khaneh siah ast, 1962), um olhar poético e compassivo sobre habitantes de um abrigo de pessoas com hanseníase no norte de Irã mantido pela esposa do xá (após a conclusão das filmagens, Farrokhzad adotou um menino que nasceu na colônia). A casa é escura se tornou uma grande referência nacional e internacional. Ganhou o prêmio principal no Festival Internacional de Curtas-Metragens de Oberhausen após Golestan recusar o convite do Festival de Cannes, cujos organizadores propuseram passar o filme apenas para convidados, pois temiam o impacto sobre o público geral.[3] Os curtas-metragens dirigidos por Golestan também ganharam prêmios em festivais europeus, como no de Veneza. Essas obras autorais foram rigorosamente esculpidas como filmes-ensaios que combinaram leveza de montagem com uma densidade de pensamento ao contemplar as implicações de determinados assuntos para a sociedade iraniana. Entre eles estão dois filmes sobre o impacto ambiental e social da indústria petrolífera: Um fogo (1961), e o média-metragem Onda, coral e rocha (Moj o marjan o khara, 1961), sobre o processo de desenvolvimento de um terminal de exportação de petróleo no Golfo Pérsico que eventualmente levou riquezas naturais para fora do Irã. As colinas de Marlik (Tappe-haye Marlik, 1963) reflete de forma existencial e lírica sobre achados arqueológicos na região que dá nome ao filme, com imagens em close-up dos objetos. Uma abordagem similar é adotada em As joias da coroa iraniana (Ganjineha-ye Gohar, 1965), documentário sobre os tesouros da família real que foi parcialmente censurado devido às críticas que faz à mesma, contrastando as riquezas dos reis à miséria da população. Colheita e semente (Kharman va bazr, 1965) evidencia a precariedade da vida dos camponeses iranianos a partir de entrevistas in loco, e foi imediatamente banido, sem poder ser exibido fora do país. Os filmes de ficção de Golestan incluem o curta-metragem Namoro (Khestegarsi, 1961), no qual Farrokhzad aparece como atriz em uma história que observa os rituais iranianos de relacionamento, e dois longas, em que o cineasta aprofundou seu desejo de destacar as desigualdades sociais de seu país a partir de narrativas novelísticas. O primeiro, Tijolo e espelho (Khesht o Ayeneh, 1964), foi filmado em preto-e-branco em Teerã, majoritariamente durante a noite, pelo cinegrafista Soleiman Minasian com vistas urbanas panorâmicas. Ele foi o primeiro filme iraniano a usar som direto. A história acompanha um casal em crise que perambula em busca de uma solução para um bebê que é encontrado pelo protagonista no banco traseiro de seu taxi. A jornada de Hashem (Zackaria Hashemi) e Taji (Taji Ahmadi) revela mercados noturnos, ruas vazias e áridas, um bar cheio e esfumaçado e ruas diurnas com passantes ao fundo que ocasionalmente olham com curiosidade para a câmera. Os personagens coadjuvantes do filme criam um coro de críticas e reclamações à vida cotidiana local. Uma velha vivendo no esqueleto de um edifício em construção aponta para uma especulação imobiliária descontrolada que levou o preço da moradia às alturas e desabrigou aqueles que não podiam pagar. Um delegado de polícia, desiludido com seu serviço, sugere a um cidadão que o mais eficiente seria comprar uma arma e defender-se por conta própria. Uma enfermeira de orfanato amarga (e possivelmente pervertida) expressa desdém pela quantidade de crianças abandonadas. Os protagonistas também não escapam da sensação eminente de desespero e desalento, expressa na paranóia sofrida por Hashem, com medo de assumir a namorada, e na mágoa de Taji, que projeta na criança uma família sonhada. Tijolo e espelho foi tido nos anos subsequentes como uma obra inaugural do cinema moderno iraniano, e muitos críticos estrangeiros o compararam a importantes filmes europeus realizados no mesmo momento. Golestan, porém, não assumiu influências cinematográficas e preferiu citar exemplos da literatura de sua cultura, em particular da poesia e seu poder de expressar as complexidades fugazes da alma e do espírito humano. O título do filme foi tirado de uma frase de Attar de Nixapur, poeta persa dos Séculos XII e XIII: "O que o Jovem vê no espelho, o Velho vê no tijolo de lama".[4] A técnica de jump cuts utilizada brevemente no filme, veio, segundo Golestan, de um poema de Saadi de Shiraz, do Século XII, ao descrever o estado psicológico de um caçador à noite em busca de sua presa.[5] E há a provável influência de Farrokhzad - que faz uma ponta em Tijolo e espelho como a mãe que abandona a criança -, na maneira cuidadosa que dezenas de crianças no orfanato são filmadas, cada uma de forma individualizada, em uma longa sequência documental que remete ao A casa é escura. Em 1967, a morte súbita de Farrokhzad em um acidente de carro abalou Golestan. Ele parou de dirigir filmes e deixou o Irã. Voltou pontualmente nos anos seguintes, vendeu os equipamentos de seu estúdio e encerrou suas atividades definitivamente na década de 1970. Fez mais um longa-metragem durante este período, a comédia burlesca O tesouro secreto do vale Jinn (Asrar-e Ganj-e Darre-ye Jenni, 1974), na qual um camponês (interpretado pelo ator popular Parviz Sayyad) encontra um tesouro inestimável que leva ele e sua vila à loucura. O filme foi idealizado por Golestan como um aviso à crescente decadência e ao desperdício que ele viu no Irã, com diversos integrantes do grande elenco representando versões de figuras que contribuíram para o fim de uma era. O tesouro secreto do vale Jinn entrou em cartaz no Irã por alguns dias e logo foi censurado. Golestan previu as dificuldades para seu filme e, por isso, publicou a história na forma de romance antes de voltar para Inglaterra. Nas décadas seguintes, se tornou cada vez mais uma figura idiossincrática: nunca voltou ao Irã, porém é considerado um dos escritores modernos fundamentais do país (tanto por sua habilidade literária, quanto por suas posições políticas). Residiu no exterior, mas não autorizou as traduções de seus livros e contos para outras línguas, devido à crença de que as particularidades de suas escolhas artísticas fazem sentido apenas em persa.[6] Foi influente para outros cineastas iranianos (tanto aqueles a quem apoiou e que começaram na época pré-Revolução, como Masoud Kimiai, Amir Naderi e Abbas Kiarostami, quanto seu próprio neto, o cineasta Mani Haghighi), mas seus filmes ficaram praticamente inacessíveis em cópias de boa qualidade. Em 2016, o festival Il Cinema Ritrovato, em Bolonha, realizou uma retrospectiva dos filmes do Estúdio Cinematográfico Golestan com a presença e ajuda de seu fundador.[7] O curador da retrospectiva, Ehsan Khoshbakht, percebeu a fragilidade de várias cópias e ajudou a lançar um projeto na Cinemateca de Bolonha para a restauração dos filmes existentes do estúdio. Para produzir as restaurações, ele envolveu a artista e cineasta Mitra Farahani, que estava trabalhando na realização do documentário Até sexta, Robinson (À vendredi, Robinson, 2022), sobre um encontro organizado por ela entre Golestan e Jean-Luc Godard - razão pela qual Farahani também ajudou a produzir o último longa-metragem de Godard, Imagem e Palavra (Le livre d'image, 2018). Foram necessários meses para convencer Golestan a doar para a cinemateca seu acervo de negativos e cópias dos filmes, que tinha levado consigo para Inglaterra. Embora a maioria das restaurações tenha sido concluída, o projeto segue em andamento - inclusive com a busca de pelo menos um filme ainda não encontrado. O filme mais conhecido do Estúdio Cinematográfico Golestan continua sendo A casa é escura, que, em 2022, entrou na lista da revista inglesa Sight & Sound dos melhores filmes de todos os tempos.[8] Na época em que trabalharam juntos, Farrokhzad e Golestan estavam envolvidos amorosamente, o que causou atenção pública (inclusive, pelo fato de Golestan ser um homem casado). A admiração intelectual mútua do casal levou também a uma influência artística mútua, enriquecida por sensibilidades concretas e líricas, com cada um apoiando a carreira e as ambições do outro. Como Farahani comentou ao apresentar um programa dos filmes restaurados em 2019, "havia uma espécie de simbiose intensa de intuições e formas que circulavam entre Ebrahim Golestan e Forough Farrokhzad (...). O fruto de sua curta colaboração é uma efervescência intelectual e criativa; é impossível pensar no trabalho de um sem pensar no trabalho do outro."[9] No Brasil, atualmente há um projeto de tradução do persa para o português da poesia de Forough Farrokhzad pela professora e poeta Thaís Chagas. A seguir, a tradução de um poema de Farrokhzad, cuja versão original foi publicada em 1962, o mesmo ano da realização de seu filme: "a conquista do jardim" [10] sobre nossas cabeças o corvo que salta da geada até uma vaga ideia conturbada mergulha numa nuvem dispersa e sua voz a atravessa e se amplia no horizonte. feito uma pequena lança carrega as notícias da cidade até nós. todos sabem todos sabem que você e eu vimos o jardim da oca geada pegamos as maçãs e dos ramos vimos um homem longe, perdido todos estão com medo todos estão com medo mas você e eu nos unimos às luzes à água ao espelho [11] e nós não temos medo não falo da união precária entre dois nomes que abraçam antigas páginas d'um cartório falo das minhas madeixas agraciadas com a antecipação incendiária dos teus beijos, da intimidade de nossos corpos, do brilho de nossa nudez feito escamas de peixe n'água falo da vida prateada da canção que uma pequena fonte canta n'alvorada na umidade das florestas nos encontramos, aos coelhos selvagens na madrugada perguntamos, e no mar, pela sua ansiedade gelada e nas conchas cheias de pérolas. e na estranheza das montanhas conquistadas e às mais jovens águas: o que temos de fazer? todos sabem todos sabem no silencioso sono de simurgh [12] entramos e no jardim, a verdade encontramos no semblante constrangido d'uma flor desconhecida encontramos a permanência d'um momento sem fim: quando dois sóis encaram um ao outro e não há medo do sussurro no escuro então falo do dia e das janelas abertas e do ar fresco e d'um fogão onde queimam coisas inúteis e a terra que é fértil d'uma outra embarcação e nascimento e evolução e exaltação falo de nossas afáveis mãos que construíram por noites pontes da mensagem do perfume da brisa da luz venha para o campo para o grande campo me chame, detrás dos ares onde respiram as flores e os cervos que se unem ao seu par pois cortinas estão repletas d'uma oculta raiva e as pombas, inocentes, vislumbram diante da altura de suas brancas torres-plumas a terra
[1] Uma boa visão geral do momento histórico em que Golestan produziu seus filmes foi escrita em inglês pela cineasta e professora de cinema Mehrnaz Saeed-Vafa e publicada na
revista online Rouge em 2007
[2] Este filme pode ser visto hoje no website da videoteca de British Petroleum. [3] Uma entrevista em inglês com Golestan de 2016, no qual ele comenta a realização de A casa é escura e outros filmes do estúdio, pode ser conferida na página de YouTube do festival Il Cinema Ritrovato, de Bolonha [4] A frase foi traduzida para o inglês por Golestan. [5] Golestan aprofundou esta referência ao introduzir (em inglês) uma sessão da versão restaurada de Tijolo e espelho em Veneza em 2018. Venezia Classici Restauri - Khesht o ayeneh [6] Uma notável exceção foi publicada em inglês (com tradução de Abbas Milani) no final de 2022 para marcar o centenário de Golestan - um breve livro de memórias sobre um encontro com o poeta galês Dylan Thomas durante a visita dele para o Irã em 1951. Ver: An Encounter with Dylan Thomas . As impossibilidades da tradução literária é um dos temas da conversa entre Golestan e Thomas. [7] Informações sobre a retrospectiva podem ser encontradas em inglês e em italiano em GOLESTAN FILM STUDIO, BETWEEN POETRY AND POLITICS [8] Ver: The Greatest Films of All Time. A casa é escura entrou no 101° lugar na lista (empatado com Os renegados, de Agnès Varda, e Onde começa o inferno, de Howard Hawks), e foi um dos poucos curtas-metragens e filmes iranianos citados. [9] Ver: Lumière 2019 - Grand Lyon Film Festival. [10] O texto em persa pode ser conferido no site pontes outras, junto a traduções para português de mais dois poemas de Farrokhzad. [11] Estes elementos fazem parte da celebração matrimonial persa (aynévashamdoon). [12] Ser da mitologia persa. É uma criatura gigante e alada; na literatura clássica persa (poesia sufi), aparece como uma metáfora para Deus; é uma figura feminina e reside em locais onde há muita água. Na lenda, conta que simurgh vive 1.700 anos antes de banhar-se em chamas. SINOPSES DOS PROGRAMAS Curtas do Estúdio Cinematográfico Golestan Tijolo e espelho TEXTOS "A casa é escura" Entrevista com Forough Farrokhzad "Khesht o Ayeneh [Tijolo e espelho]" Texto escrito por Ebrahim Golestan AGENDA A Sessão Mutual Films de março é uma parceria com a PPGAV/UFRJ e a Cinemateca do MAM. Nos dias 11 e 17 de março, às 18h30, a cineasta Mitra Farahani apresentará na Cinemateca sessões de seus filmes com os curtas-metragens do Estúdio Cinematográfico Golestan A casa é escura e As colinas de Marlik. A programação da Cinemateca pode ser acessada no Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro. IMS RIO 18/3/2023, sábado Sessões apresentadas por Mitra Farahani, Aaron Cutler e Mariana Shellard 16h - Curtas do Estúdio Cinematográfico Golestan 17h45 - Tijolo e espelho IMS PAULISTA 23/3/2023, quinta Sessões apresentadas pelos curadores Aaron Cutler e Mariana Shellard 17h30 - Curtas do Estúdio Cinematográfico Golestan 19h30 - Tijolo e espelho 25/3/2023, sábado 17h - Curtas do Estúdio Cinematográfico Golestan 19h - Tijolo e espelho Web site IMS - Sessão Mutual Films - Informações e ingressos - Rio de Janeiro e São Paulo |
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